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segunda-feira, 18 de março de 2013

Dominio dos Deuses

 O sonho

A luz que se filtrava pelas folhas do carvalho sagrado caía sobre os ombros, o pescoço e o colo alvo da jovem ajoelhada junto ao arroio, envolvendo-a numa dourada opalescência.
Ela estava com os braços mergulhados na água fresca, e os luminosos reflexos de tons rosados desciam-lhe ao longo dos pulsos. Parecia distraída. Mas, quando uma corça e sua cria aproximaram-se cautelosamente da margem relvosa, estendeu impulsivamente as mãos transbordantes e deu-lhes de beber.
Depois, ao sentir o contato macio do focinho dos animais, riu com a cabeça tombada para trás e, sob a caricia do sol, seus cabelos vermelho-dourados pareceram feitos de luz.
O homem que a observava, oculto pelos ramos das árvores, descobriu uma felicidade intensa na quietude da cena deliciosa. Permaneceu imóvel, sem outro pensamento que não o de contemplar a própria beleza através daquela graciosa criatura. Depois, tomado do desejo ardente de ouvir sua voz, saiu das sombras e aproximou-se com o andar furtivo que herdara do pai.
A jovem não pressentiu sua presença até o instante em que ele mergulhou os dedos em seus cabelos cor de bronze. Voltou-se então com ar de surpresa, mas logo começou a sorrir, numa irradiação interior que subiu gradualmente a seus imensos olhos cor de ametista.
— Bretão... — disse com voz suave e melodiosa, enquanto a corça e seu filhote fugiam, assustados.
Seu rosto estava iluminado pelo sol, e ela parecia tão linda que ele mal conseguiu murmurar:
— Nobre romana... Esperei demais.


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