Por
vezes, ponho-me a pensar: será possível que um homem venha a sofrer
uma transformação radical? Ou será que o carácter e
os
hábitos encerram as nossas vidas dentro de fronteiras inamovíveis?
Estamos
em meados de Outubro de 2003 e eu a ponderar estas questões,
enquanto observo uma borboleta a arremeter com força contra a
lâmpada que ilumina o alpendre. Estou cá fora, sozinho, pois Jane,
a minha mulher, está a dormir no quarto do primeiro andar e nem
notou que eu me esgueirei para fora da cama. É tarde, já passa da
meia-noite, e o tempo está fresco, como a anunciar a chegada
prematura do Inverno. Visto um roupão de algodão grosso e, embora
pensasse que ele seria suficiente para me manter aquecido, noto que
as mãos me tremem de frio e tenho de as meter nos bolsos.
Por
cima de mim, as estrelas são pontos de prata colocados numa tela
negra. Distingo Orion e as Pleiades, a Ursa Maior e a Coroa Boreal, e
ponho-me a pensar que me deveria sentir inspirado pela ideia de que,
ao olhar as estrelas, estou também a olhar o passado. As
constelações brilham graças à luz que foi emitida há milhares de
milhões de anos e fico à espera de que algo venha ter comigo, as
palavras que os poetas usam para iluminar os mistérios da vida. Mas
nada acontece.
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