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segunda-feira, 25 de março de 2013

A Alquimia do Amor




Por vezes, ponho-me a pensar: será possível que um homem venha a sofrer uma transformação radical? Ou será que o carácter e os hábitos encerram as nossas vidas dentro de fronteiras inamovíveis?
Estamos em meados de Outubro de 2003 e eu a ponderar estas questões, enquanto observo uma borboleta a arremeter com força contra a lâmpada que ilumina o alpendre. Estou cá fora, sozinho, pois Jane, a minha mulher, está a dormir no quarto do primeiro andar e nem notou que eu me esgueirei para fora da cama. É tarde, já passa da meia-noite, e o tempo está fresco, como a anunciar a chegada prematura do Inverno. Visto um roupão de algodão grosso e, embora pensasse que ele seria suficiente para me manter aquecido, noto que as mãos me tremem de frio e tenho de as meter nos bolsos.
Por cima de mim, as estrelas são pontos de prata colocados numa tela negra. Distingo Orion e as Pleiades, a Ursa Maior e a Coroa Boreal, e ponho-me a pensar que me deveria sentir inspirado pela ideia de que, ao olhar as estrelas, estou também a olhar o passado. As constelações brilham graças à luz que foi emitida há milhares de milhões de anos e fico à espera de que algo venha ter comigo, as palavras que os poetas usam para iluminar os mistérios da vida. Mas nada acontece.


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